domingo, 27 de setembro de 2009

Psicografias

Estou convencido de que, ao “psicografar” mensagens e trabalhos de pessoas falecidas, - como é o caso das obras atribuídas ao Dr. Fritz, - o medium, concentrando-se como numa profissão de fé, põe-se diante do papel e, de caneta na mão, possivelmente sem invocar especialmente este ou aquele espírito, mas “abrindo-se” a algum deles, vai escrevendo aquilo que lhe vem à cabeça.
E se convence, até mesmo de boa fé, que foi monitorado pela alma que baixou em sua mente e tomou conta dela, passando a ditar-lhe alguma coisa, ao guiar a sua mão;
Acredito que, na verdade, não terá sentido, senão por uma auto-sugestão mística, algum sinal, ou algum clique, que não se confundam com o efeito de um condicionamento semelhante a uma sensação onírica, ou mesmo ao estado de inebriante comoção, provocados pelos humores do próprio metabolismo sob tensão concentrada. Pois em tais condições, nas vigílias afervoradas, com a mente sensibilizada, somos capazes até de visões fantásticas.
Dizer que o psicógrafo, ele mesmo, não tem condições de alinhar, de sua própria lavra, os pensamentos que assim põe no papel, é subestimar a sua capacidade intelectiva. Não há nenhuma prova, nem evidência insofismável, de que tais escritos provêm de outrem que já não está entre os vivos.
No caso específico das obras do Dr. Fritz, hipotético médico alemão, (que obviamente teria escrito seus livros em alemão, se é que eles existiram) há uma contradição gritante, senão mesmo uma farsa. Ditas obras, ou os ensinamentos do autor, foram “psicografados” em português e não em alemão, língua que o seu psicógrafo não conhece.
Quem teria feito previamente a tradução? Atribuir ao Dr. Fritz a capacidade de ditar o que escreveu, ou o que pensa, numa língua que ignorou, não tem lógica.
Considerando que o Dr. Fritz não conhecia a língua portuguesa, nem o seu psicógrafo conhece o idioma alemão, teria havido algum indício de autenticidade se a psicografia tivesse sido feita em alemão, mas isso não aconteceu...